Lição 02: A Igreja de Jerusalém: Um Modelo a Ser Seguido – 3º Trimestre 2025

Lição 02: A Igreja de Jerusalém: Um Modelo a Ser Seguido – 3º Trimestre 2025
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Se você pudesse voltar no tempo e observar como era a primeira igreja que surgiu depois do Pentecostes… o que será que veria? Uma igreja com muitos dons, mas também com desafios reais. Uma igreja cheia do Espírito, mas com os pés no chão.
Hoje vamos aprender por que a Igreja de Jerusalém se tornou um modelo — e como nós podemos seguir esse exemplo ainda hoje!

INTRODUÇÃO

Quando falamos em modelo de igreja, muita gente pensa logo em estrutura, número de membros, estratégias de crescimento, ou até na estética do templo. Mas será que é isso que define uma igreja exemplar aos olhos de Deus?

Na lição de hoje, vamos voltar aos primeiros capítulos do livro de Atos e observar como era a Igreja de Jerusalém, a primeira comunidade cristã formada depois do Pentecostes. E o mais impressionante é que, mesmo sendo uma igreja nova, sem recursos modernos, e cercada por perseguições… ela se tornou um modelo para todas as gerações.

A Igreja de Jerusalém não era perfeita. Ela teve falhas, enfrentou conflitos internos e foi duramente perseguida. Mas ela tinha algo que muitas igrejas hoje perderam: simplesmente vivia cheia do Espírito, dedicada à Palavra, e comprometida com a comunhão e a missão.

Lucas descreve em Atos 2.42 o que sustentava aquela igreja: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações.”
Essa é a base. A estrutura que Deus aprovou. Uma igreja centrada em Cristo, guiada pelo Espírito e alicerçada na Palavra.

E o mais bonito é que tudo isso acontecia no dia a dia. Eles se reuniam nas casas, dividiam o que tinham, oravam juntos, comiam juntos, choravam juntos, adoravam juntos. Não era só um culto no domingo — era um estilo de vida.

Muita gente quer os frutos de Atos, mas sem as raízes de Atos. Quer poder, crescimento e milagres… mas não quer compromisso, unidade e santidade.
A Igreja de Jerusalém cresceu, porque primeiro ela se aprofundou. Ela era simples, mas profunda. E por isso, Deus a usou.

Ao longo desta lição, nós vamos ver que essa igreja tinha três pilares que a tornaram um modelo:

  1. Ela era doutrinariamente sólida,
  2. Relacionalmente viva,
  3. E espiritualmente ativa.

E o melhor de tudo é que esse modelo ainda está ao nosso alcance.
Não precisamos copiar fórmulas humanas, basta voltarmos à essência.

Se seguirmos o padrão de Deus, teremos os resultados de Deus.

I – Uma Igreja que perseverava na doutrina dos apóstolos

A primeira característica da Igreja de Jerusalém era sua fidelidade à doutrina dos apóstolos. Atos 2.42 diz: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos…”
Ou seja, aquela igreja tinha base, tinha fundamento. Eles não seguiam emoções, nem modismos. Eles seguiam a Palavra ensinada por aqueles que andaram com Jesus.

Isso nos ensina algo muito importante: uma igreja cheia do Espírito é, ao mesmo tempo, cheia da Palavra. Não existe fogo verdadeiro sem fundamento. O mesmo Espírito que batiza com poder é o que inspirou as Escrituras. Ele nunca contradiz o que Ele mesmo escreveu.

Hoje em dia, muitas igrejas buscam crescimento, experiências, visibilidade… mas se afastam da sã doutrina. E quando a doutrina é abandonada, o fogo se apaga.
Doutrina não é algo frio ou pesado. Doutrina é alimento sólido para uma fé saudável. Como Paulo escreveu a Timóteo: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina…” (2 Tm 4.3). E esse tempo é agora.

A Igreja de Jerusalém nos mostra que perseverar na doutrina não é apenas conhecer a Bíblia, mas viver o que ela ensina. É ser constante, fiel, firme, mesmo quando isso for contra a cultura ou contra o senso comum.

A palavra “perseveravam” no original grego (προσκαρτερέω – proskarteréo) indica uma dedicação contínua, firme, insistente. Eles não eram superficiais. Eles mergulhavam na Palavra.
E o resultado disso? Uma igreja forte, resistente à perseguição e capaz de discernir os tempos.

O comentarista F.F. Bruce disse:

“A doutrina dos apóstolos era o fio condutor da fé da Igreja primitiva. Desligar-se dela é desligar-se da raiz.”

Que modelo poderoso! Uma igreja que começa com doutrina, permanece na doutrina e cresce sobre ela.
A Palavra era o alicerce. A comunhão era o ambiente. E o Espírito era o combustível.

Uma igreja que abandona a doutrina perde o direito de ser chamada de igreja!

II – Uma Igreja que vivia em comunhão

Atos 2.42 continua dizendo que a Igreja de Jerusalém perseverava “na comunhão”.
Essa palavra, no original grego, é koinonia — que significa muito mais do que apenas estar junto fisicamente. Significa participar ativamente da vida uns dos outros, repartir, dividir, servir, caminhar lado a lado.

A Igreja de Jerusalém era uma igreja que andava junta em tudo. Eles comiam juntos, oravam juntos, enfrentavam perseguições juntos, ajudavam os necessitados juntos.
Não era uma fé individualista. Era uma fé vivida em comunidade.

E aqui está um ponto muito importante: não existe igreja bíblica sem comunhão verdadeira.
Reunião não é comunhão. Estar no mesmo lugar não significa ter o mesmo coração.
Comunhão é mais do que sorrir no culto. É chorar junto no luto. É dividir o pão, mas também os fardos. É saber que ninguém está só no Corpo de Cristo.

Infelizmente, vivemos uma era em que muitas igrejas se tornaram apenas ajuntamentos. Pessoas entram e saem sem se relacionar, sem se abrir, sem caminhar juntas.
Mas a Igreja de Atos nos mostra o contrário: era na comunhão que o Espírito agia com liberdade. E é nesse ambiente que milagres aconteciam, corações eram transformados e o amor de Cristo era visível.

Atos 2.44 diz: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.”
E o verso 46 completa: “…partiam o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração.”
Essa era uma comunhão verdadeira. Sem máscaras. Sem competição. Sem disputas.

O comentarista William Barclay afirmou:

“A comunhão da Igreja Primitiva era o reflexo da comunhão com Cristo. Quanto mais perto de Cristo, mais unidos entre si.”

Isso nos faz refletir: temos promovido comunhão verdadeira na nossa igreja?
Temos tempo para ouvir o outro, orar com o outro, ajudar o outro?
Ou vivemos cercados de irmãos, mas ainda assim sozinhos?

A comunhão bíblica não é opcional. É parte da identidade da Igreja.
E quando há comunhão verdadeira, a presença de Deus se manifesta de forma poderosa!

Onde há comunhão verdadeira, o céu se sente em casa!

III – Uma Igreja dedicada à oração

A terceira característica que torna a Igreja de Jerusalém um modelo é que ela era uma igreja que orava.
Atos 2.42 diz que, além da doutrina e da comunhão, eles perseveravam também nas orações.

Veja que não era uma prática ocasional ou emocional. Era algo constante, insistente, coletivo. A oração fazia parte da vida da igreja desde o seu nascimento.

E isso nos ensina algo poderoso: uma igreja que não ora, pode até funcionar… mas não frutifica.
Ela pode ter movimento, eventos, organização — mas sem oração, falta vida espiritual verdadeira.
Foi na oração que os discípulos aguardaram o cumprimento da promessa do Pai (At 1.14).
Foi orando que o Espírito desceu no Pentecostes (At 2).
E foi orando que a Igreja enfrentou as perseguições, buscou direção e viu milagres acontecerem (At 4.31; At 12.5).

A oração era o combustível da Igreja primitiva. Era a ponte entre a fé que pregavam e o Deus que serviam.
E o mais interessante é que essas orações não eram apenas pedidos.
Eram orações de gratidão, de intercessão, de consagração, de comunhão com Deus.

O teólogo Leonard Ravenhill disse uma frase que mexe com a gente:

“A igreja que ora pouco tem pouco poder. A igreja que não ora, não tem poder nenhum.”

Nós vivemos tempos acelerados, onde tudo é urgente — menos a oração.
Mas a Igreja de Jerusalém nos ensina que oração não é uma atividade de bastidores, é a linha de frente da batalha.

Ela orava antes de agir, orava enquanto agia e orava depois de agir.
E porque orava, ela andava na dependência do Espírito — e por isso crescia.

Talvez hoje seja o tempo de reaprendermos a orar juntos.
De voltarmos ao altar. De trocarmos as reuniões vazias por clamores fervorosos.
De pararmos de planejar tanto e orarmos mais.

A Igreja que ora, move o céu — e quem move o céu, transforma a terra!

Conclusão,

Ela não era perfeita. Mas era verdadeira.
Não era grande em estrutura, mas era profunda em essência.
E é isso que o Senhor espera da Sua Igreja hoje: que volte à origem. Que viva o Evangelho com simplicidade, poder e compromisso.

Essa igreja perseverava na doutrina dos apóstolos — ou seja, ela era firme na Palavra.
Ela vivia em comunhão — ou seja, andava em unidade, partilhando a vida.
E ela orava — buscando a direção e o poder do alto.

Esses três pilares sustentaram aquela comunidade. E esses mesmos pilares podem sustentar a nossa também.

Não estamos falando de copiar um “modelo institucional”. Estamos falando de viver a mesma essência espiritual.
De sermos uma Igreja cheia da Palavra, cheia de amor e cheia do Espírito.

Talvez hoje você olhe para a sua igreja e veja desafios, limitações, lutas…
Mas lembre-se: Deus não procura uma igreja perfeita — Ele procura uma igreja disponível.
Se voltarmos à base, Ele cuidará do crescimento.

Então, que tipo de igreja nós estamos sendo?
Que tipo de igreja nós queremos construir?

Uma igreja cheia da Palavra, da comunhão e da oração… é uma igreja onde Deus habita!

Amém!

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Ozeias Silva

Amo Deus acima de tudo e estou apaixonado por compartilhar Sua Palavra e pregar a Verdade. Como professor na EBD, presbítero e líder dos jovens na Assembleia de Deus Min Belém, em Araraquara, estou comprometido em ajudar os outros a crescerem em sua fé.